sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A relação com uma adolescente

Adolescência é aquela fase que a gente torce pra passar logo, na verdade, o mais rápido possível, a ponto de esquecer que ela, um dia, existiu.

Quando somos "brindados" por um adolescente em casa podemos nos considerar com uma missão diária de paciência, capacidade de ignorar, de aturar e, é claro, de dar bons conselhos, que, obviamente, serão ironizados.

A agressividade de um adolescente pode chegar a níveis absolutamente fora do controle. Quando contrariado, este ser exibe doses altíssimas de perversidade, que o incitam a humilhar, a levar a ira à pessoa mais próxima que lhe demonstra afeto, seja em forma de gesto ou de palavra.

Apesar de ter conhecimento que todos já passaram por isso, a convivência com o meu brinde adolescente em casa é cada vez mais dolorosa. O grau de irresponsabilidade, desrespeito, insensibilidade, egoísmo e arrogância me comovem cada vez mais. A cada tentativa de aproximação, ainda sou obrigada a ouvir ironias, grosserias e outras formas de repulsão.

Por outro lado, a tristeza e a dor que vêm de uma relação com um ser de 16, 17 anos nos traz o mais profundo sentimento de vitalidade. A sensação de que "isso nós já superamos", ou a certeza de que "nunca seremos assim". As constantes lágrimas dessa relação reafirmam a nossa capacidade de sentir, de identificação com um ser sensível. Ou seja, a vida, de sua forma mais intensa, nos abarca sob a forma de raiva, de tristeza, de angústia. Melhor que seja assim, pois, neste caso, a dor é uma reafirmação de que somos vivos, temos sentimento e devemos superar todas as dificuldades.