domingo, 11 de dezembro de 2011

As Canções
















Não sei como os outros fazem para se lembrar das coisas sem ter uma música por trás. Não sei como encarar a câmera e dizer o que mais te faz chorar sem conhecer, sequer, quem está na sala escura ouvindo o seu depoimento. Não sei lidar com exposições, ainda mais deste tipo, do mais íntimo, do mais profundo, talvez ridículo, cômico, doloroso, não cicatrizado sentimento em forma de melodia.

Como pensar naquele que te fez, te faz e, quem sabe, fará uma ferida eterna em seu corpo, em sua mente, e ainda ter coragem de contar para um público misterioso toda a sua história emoldurada por uma dor que não quer calar?

Admiro tanto a coragem de todos que cantaram, choraram ou apenas sentaram na cadeira e contaram uma história de sua vida. Agradeço a todos que fizeram isso e se aproximaram de todos nós, que temos uma ou mil canções de vida, que cantamos no chuveiro, no ônibus ou sozinhos na rua, e que possuímos alguma ferida latente, que pede remédio e ainda não foi capaz de cicatrizar.