segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Seu Jair e Seu Argemiro


Eu me lembro bem. Estava no Teatro Rival, com meus 16 anos. Não entendia nada de música, nada de samba, mas sentia que gostava da Portela.

As luzes se apagaram. De repente, o palco tomado por aquele azul e branco em forma de manto cantado por Paulinho da Viola. Seu Argemiro Patrocínio, em sua frágil saúde, engrandecia diante de uma plateia perplexa. Seu Jair do Cavaquinho, com seu charme em forma de sapateado, dominava todos que estavam sentados diante dos holofotes do teatro.

E, eu, ali, testemunha daquele show. Tanto Jair, como Argemiro não estão mais entre nós. No entanto, eu nunca esqueço do dia em que o samba penetrou em meu peito, graças a estes dois portelenses, que fiz questão de seguir em todas as suas apresentações até o dia em que eles resolveram partir. Não são meus parentes, não são meus amigos. Mas os dois fazem parte de mim. A imagem deles está na minha memória, o gingado e o sorriso marcados em meu corpo. Desta forma, a Portela se aponderou de mim.