segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Giulietta Masina

Ela é doçura, sensibilidade, graça, ingenuidade, força poética. 

Gelsomina seguiu sua estrada circense com o seu trompete. Não sabia tocar, nem mesmo lidar com as algemas. No entanto, tinha uma família para alimentar. Assim, aprendeu rápido a encarar a grosseria - em seu rascunho mais profundo. Teve que redobrar sua sensibilidade e paciência. Transformou-se em artista em busca de uma promessa de amor e de paz de espírito. Mas a brutalidade prevaleceu. 

O trompete calou. As lágrimas não secaram, dando espaço para um abandono guardado no mar. As ondas, em suas idas e vindas constantes, deram-lhe a certeza de que o seu redor era apenas espinho. A graça estava nela, em seu caminho e em suas belas melodias de sopro. Quando percebeu que já estava completa, que não precisava se prender a mais ninguém, ela se entregou às ondas, soltou as correntes e eternizou o mais lindo poema, chamado Giulietta Masina.